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Allianz Parque, São Paulo
Décima Segunda Rodada: A Mais Doida da História da Liga
Meu deus do céu. Que rodada. Tivemos cinco goleadas. Duas humilhações absolutas em clássicos. Superação no Morumbi. O Ressuscitar do Urubu. O heroísmo de Pique. A estreia de Henry Thompson no Furacão. Ciclismo olímpico em Laranjeiras. Meus amigos, que rodada. Foi uma rodada tão impressionante que eu tive que fazer dois times da rodada, porque simplesmente eram jogadores demais para caber em só um.
No time 1: Donnarumma (Internacional), Alexander-Arnold (Internacional), Piqué (Juventude), Diallo (Athlético-PR), Shaw (Internacional), Camavinga (Palmeiras), Valverde (São Paulo), Neymar (Flamengo), Di María (Flamengo), Mané (São Paulo), Cristiano Ronaldo (Palmeiras)
Já no time 2: Ederson (Palmeiras), Cash (Bragantino), Savic (São Paulo), Cáceres (Athlético-PR), Digne (Fluminense), Ramires (Bragantino), Brooks (Fluminense), Rafinha (Bragantino), Fati (Internacional), Vardy (Internacional)
Tendo listado tantos tremendos jogadores, devo agora virar-me para suas atuações. Vamos adiante.
Ceará 0-0 Chapecoense
Começando com um jogo bem morno. O Ceará mais uma vez não jogou muito bem, e a Chape mais uma vez retrancou e segurou o empate. Uma partida protocolar para dois técnicos que já se conhecem há tempo: Tomás Turbano e Oscar Aglio. Talvez seja por isso que os dois não tiraram o zero do placar, se conheciam tão bem que sabiam até o que um ao outro tentaria como contra-tática. Enfim, o Vozão deve poupar titulares contra o Santos no Domingo para o Clássico Rei no meio de semana. A Chape, que também vai jogar na Copa do Brasil, pega o Bragantino, e deve poupar similarmente, pois o Athlético-PR deve ganhar força.
Juventude 1-0 Santos
O placar pode até ter sido magro, mas foi um jogo emocionante. O Santos estava querendo ganhar a segunda e aproveitar o embalo da goleada na rodada passada sobre o Atlético-GO. Por isso, se lançou no ataque no primeiro tempo, e até achou o fundo da rede, mas o gol foi anulado. O Juventude teve um gol alunado pro seu lado também, e foi a facilidade com a qual o Roger Guedes chegou no gol do Peixe que fez o João Pedro fechar a casinha. O Juventude, a partir daí, partiu pra cima, e teve até um pênalti anulado. Finalmente, aos 45 do segundo tempo, o Pique subiu alto no escanteio, cabeceou pra dentro e fez o único gol da partida, para a alegria da torcida no Estádio Alfredo Jaconi. O Juventudão, que parte pra pegar o Fortaleza, deixou até alguns jogadores, como o próprio Pique, pra trás, de modo a poupá-lo para o jogo crucial na Copa do Brasil. O Santos, pelo outro lado, deve ir com força total contra o Ceará em casa, pra tentar finalmente sair da zona da degola, apesar do SanSão na quarta-feira.
Atlético-MG 2-1 Athlético-PR
Agora a água tá começando a esquentar. Apesar de investimentos levianos, o Galo está muito bem sob o comando do Guillermo Vilela, e o time provou isso com mais uma vitória. O Furacão veio com sangue nos olhos pra esse jogo, e tentou partir pra cima imediatamente. O Galo aproveitou-se disso cedo: aos 5 minutos, encaixou um belo contra-ataque e visivelmente abateu o ânimo rubro-negro. Só 2 minutos depois, o Vargas fez seu segundo, pegando um chute do meio da rua. A CAP até reagiu com o Diallo no escanteio, mas o time não teve força emocional para enfrentar o Atlético-MG, especialmente dentro do Mineirão. No final, uma estreia bem decepcionante para o Henry Thompson, mas ele terá a chance de se redimir rodada que vem contra o Atlético-GO. O Galo, pelo outro lado, joga clássico com o Coelho na rodada que vem.
Red Bull Bragantino 3-0 Bahia
Agora as coisas começam a ficar interessantes. Lá em Bragantino, o Red Bull buscava ampliar sua sequência de bons resultados. E o Bahia, pelo jeito, queria ajudar. O time concedeu dois gols nos primeiros 10 minutos do jogo, um do Rafinha de longe após uma jogada criada pelo Cash, outro do Helinho de cabeça no levantamento do Ramires. O Bahêa claramente se fechou depois dessa e o jogo ficou nessa o resto do tempo, o Bragantino procurando brecha na defesa. Conseguiu finalmente converter o terceiro no segundo tempo, com o Rafinha de cavadinha no passe do Ramires. Os BragaBoys, quinto na colocação, viajam pra Chapecó na rodada que vem, e devem poupar jogadores para o confronto com o Juventude pela Copa do Brasil.
São Paulo 5-0 América-MG
Os quatro jogos acima são legais, mas, sejamos francos, não são eles que importam. Chegamos agora a primeira de cinco goleadas, o passeio do São Paulo no Morumbi. E não foi sem susto não hein. O placar abriu cedo: o Savic tocou pro Luciano no bate-rebate na área, que meteu pro gol. Mas o capitão do time, o Daniel Alves, comprometeu a hegemonia do tricolor no jogo ao entrar numa briga e dar um soco na cara do Alan Ruschel. O Ruschel, que havia dado um carrinho perigoso nele, cambaleou pro chão, e o Mané ainda recebeu um amarelo por ficar gritando em cima dele. Assim, com o ponta esquerda amarelado e sem o lateral direito, o São Paulo contou com um espetáculo de jogo do Savic, que efetivamente cobriu a sua área e a área do Dani Alves, e conseguiu segurar a barra.
20 minutos depois do primeiro gol e 15 minutos depois da expulsão, o Luciano passou pro Valverde, que deu uma pedalada linda, enganando o Lucas Luan e o Eduardo pra bater no ângulo, com direito a risada do Sérgio Ramos na cara do Alan Ruschel depois do gol -- que rendeu mais um cartão amarelo pro São Paulo. O time acalmou a partir daí e voltou do intervalo com muito mais compostura. O Mané fez o terceiro gol, depois dum pênalti cometido por, isso mesmo, o Alan Ruschel. O Sadio aproveitou pra humilhar o lateral de novo, pegou a bola do meio-campo, carregou ela até ele e fez questão de dar uma sainha nele até chegar pra bater pro gol: 4 a 0. O Valverde fechou o placar, pegando a sobra dum escanteio. Se o América-MG fosse ficar na Série A, seria um jogo que viraria clássico, de tantas rivalidades criadas. Que jogo meus amigos!
Cuiabá 0-5 Flamengo
O Flamengo estava na pior. Uma sequência de maus resultados e más atuações. A torcida rubro-negra estava irritada, tendo razão, com o técnico João Vitor e a pressão no Ninho do Urubu para que ele pedisse demissão só crescia. O JV, entretanto, insistiu em ficar, e provou todo flamenguista errado. Deu um show tático em Cuiabá, encaixou perfeitamente o posicionamento de seus jogadores, acendeu um fogo que seu time estava desesperadamente precisando.
O primeiro tempo na Arena do Pantanal foi até meio lentinho. O Flamengo errou umas chances, o Cuiabá tentou encaixar qualquer coisa. Mas o Mengão abriu o placar de qualquer jeito, Di Maria virou o jogo pro Neymar, que meteu uma linda curva pra dentro. O time voltou do intervalo ainda mais inspirado. Rapidamente, o time ampliou: cruzamento do Di Maria na mosca pra cabeça do Barella. Isla e Savic tabelaram na lateral pra este último fazer o terceiro. O Flamengo entrou na categoria de goleada com um gol do Gerson, mais uma vez dos pés do Di Maria. Finalmente, o Neymar fez seu segundo e fechou o placar na Arena Pantanal. Cuiabá 0, Flamengo 5. Que jogo meus amigos!
Fluminense 6-0 Sport
Não é novidade pra ninguém que o Jean Milfont odeia o Sport. O técnico, que começou sua carreira como auxiliar técnico do Náutico, é Timbu desde criancinha e fez questão de incendiar seus jogadores contra o Sport. E eles o fizeram. 6 gols, 3 de bicicleta, e um show de 4 gols do jovem Brooks. O time pode até ter perdido a liderança, mas não perdeu a alegria e deve seguir na caça de mais pontos, começando pelo Cuiabá rodada que vem.
Aos 2 minutos de jogo, o Fluzão já abria o placar. O Calegari cruzou meio errado, mas o Brooks pegou na bola com muita classe de bicicleta, o primeiro gol de ciclista do jogo. 17 minutos depois, ele repetiu o feito, mas com ainda mais classe. Interceptou um passe pra trás do volante, dominou no peito, levantou e meteu pro gol. E, para fechar a prova de ciclismo, o Zlatan aproveitou um cruzamento errado do Gagliardini pra mostrar que ele também conseguia. 20 minutos de jogo e 3 a 0 pro Xerém. O Brooks ainda fez mais um, um golaço de peixinho, a prova de natação do jogo. O quinto gol veio já no finalzinho do jogo, quando o Sport tinha tomado vergonha na cara, mas o Digne deu um tapa com categoria indefensável. E, pra completar, o tri-atleta Brooks recebeu um passe do Digne e cruzou o campo inteiro para meter pro gol. Prova de ciclismo, de natação e de corrida. Brooks, o tri-atleta. Que jogo meus amigos!
Palmeiras 4-0 Corinthians
Se não bastasse goleada, imagina em clássico. O Derby Paulista tinha um favoritismo claro do alviverde, mas 4 a 0 não tava nos planos de ninguém. Ninguém, claro, além do Cristiano Ronaldo, que resolveu se apresentar em classe para a torcida no Allianz Parque. Foi ele que abriu o placar, de trivela depois do passe do Camavinga. O Bruno Fernandes bateu a falta que fez o segundo gol, só 3 minutos depois. A partir daí que começou a verdadeira master-class do CR7. Ele pegava a bola, driblava o Fágner, o Jemerson, o Gil, o Renan Lodi, o Cantillo, o Fornals, quem ousasse chegar a sua frente, e ele metia pro gol ou dava numa bandeja prum companheiro. A goleada seria muito maior se o Cássio não tivesse tão inspirado. Mesmo assim, ele não foi infálivel: o CR7 mandou pro Mbappe que cabeceou a bola pra baixo com força, fazendo ela bater no chão, depois o travessão, depois entrar. O quarto e último gol, do Reece James, foi Ronaldo de cabo até quase o rabo, quando ele deu um toquinho de calcanhar pra trás e deixou o Reece James com o gol livre. Que jogo meus amigos!
Grêmio 0-6 Internacional
E chegamos, finalmente, a principal atração da noite. Fazer uma goleada é uma coisa. Meter uma goleada em rival é outra. Meter uma goleada em rival em pleno século 21 é ainda mais doido (1909 meu caralho). Mas esse jogo é simplesmente a maior goleada em um Grenal desde 1948, em que o Inter fez 7 gols no Grêmio. E, na frente da torcida tricolor é esfregar ainda mais sal na ferida. Não é qualquer Grenal. É um Grenal histórico. O Grenal mais marcante em muitos anos, e se o Inter vencer o título, pode muito bem ser o maior Grenal de todos os tempos.
O passeio colorado começou aos 18 do primeiro tempo. Taison deu uma sainha no Geromel, colocou a bola pra frente e telegrafou a bola pro Jamie Vardy, que só teve de meter pra dentro. Quando o Grêmio colocou a bola no meio-campo, o Vardy já roubou ela de novo, mandou pro Praxedes, que fez um lançamento lindo pro Fati, que estava passando pela defesa tricolor despercebido. Pegou a bola, bateu de chapa e dois a zero pro Clube do Povo. O clima na Arena do Grêmio tinha claramente engrossado e se ouvia nitidamente os gritos da torcida colorada da transmissão na Globo. O Fati fez seu segundo 18 minutos depois, um passe do Bernardo Silva rasgando o sistema defensivo de Lewis Ferdinand, deixou ele, de novo, sozinho com o goleiro. E, aos 41, o Vardy calou de vez a torcida gremista: após fazer de cabeça o quarto gol do jogo, fez uma volta olimpica de poli-chinelos.
O Grêmio voltou pro jogo até animado, dentro das circunstâncias. A torcida do tricolor já começava a sair quando o Dembele carimbou a trave e manteve-os por mais um pouco. Por mais um pouco de sofrimento, quero dizer. O Vardy, que tinha se carimbado na história dos Grenais, recebeu um passe do Bernardo Silva, deu uma penteada pra tirar do Kannemann e encheu o pé, pra fazer o infâme cincuuuuum. E, se isso tudo já não bastasse, o Inter começou a ficar brincando com a bola. O Taison fez embaixadinha, o Praxedes ficou com o pé em cima dela sem deixar os jogadores do Grêmio tocar. Foi numa dessas que saiu o gol que sacramentou a vitória colorada. O Alexander-Arnold e o Shaw estavam virando o jogo um pro outro, só metendo lançamente um pro outro, até que eles perceberam que estavam quase na área adversária. O Trent mandou pro Shaw, que deu um chapéu de cabeça no Jean Pyerre de outro normal no Koulibaly, pra meter o voleio pro fundo.
Que jogo meus amigos. Que rodada.
Diego de Carvalho